Olá pessoas,
Relatarei em forma de carta uma
experiência que tive enquanto assistia a cerimônia de abertura das Olimpíadas.
Isso é bem pessoal, e todas as palavras aqui são apenas ideias minhas que eu
sinto uma grande necessidade de compartilhar com vocês, concorda e aceita quem
se mobilizar, quem não: apenas respeite.
"Eu nem sei por onde começar, mas talvez seja mais fácil
expressar o que puramente estou sentindo nesse momento. Sinto uma energia muito
grande em meu corpo, minhas mãos estão formigando, um pouco anestesiadas, sinto
a eletricidade da energia me fazer tremer, vibrar. Que energia é essa? Quanta
energia esse país possui, não é mesmo? O Brasil é lindo. O Brasil é uma mistura
linda. O brasileiro é composto por cada canto do mundo e neste momento, o país
da diversidade cultural recebe representantes de humanos de todo o planeta. A
humanidade representada num momento de tolerância e paz.
Penso, por que não pode ser assim? Por que não vivemos num
planeta que efetivamente compartilha o planeta? Por que decidimos entrar numa
disputa eterna de quem é mais rico, quem é mais bonito, quem tem a melhor
marca, quem come das melhores coisas? Todos nós merecemos o melhor. Por onde
anda a própria humanidade? Onde está aquilo que nos torna humanos?
“Imagine all the people
Sharing all the world”
Será mesmo que a inteligência é o que nos diferencia das
outras espécies? Porque se for isso, nós estamos sendo a espécie mais burra que
já existiu, pois estamos criando uma seleção artificial onde não nos
adaptaremos ao mundo que estamos criando.
Talvez seja esse o problema. Começamos a criar demais. E o
poder da criação é algo que deve ser levado com cuidado. Há dois lados da
história: quando criamos coisas, pensamos que somos como deuses, criadores de
coisas essenciais (tecnologia, prédios, indústrias...), mas não somos. Estamos
apenas usando da inteligência que nos foi dada para que, teoricamente,
evoluíssemos. Porém, essa soberba nos fez distanciar das coisas que não foram
criadas por nós. Tudo que é natural, e criação de algo antecedente à nós, está gradativamente virando pó, fumaça, aquecimento global, guerras e morte. Penso que nos aproximaríamos de Deus e da nossa espiritualidade, justamente quando entramos em contato com as criações desse Deus (que não é Ele ou Ela, ou coisa, e sim a energia essencial criadora do universo). Um Deus que foge da religião, mas que incetiva que cada um se torne um ser espiritual (além do físico, psicológico e social que já somos). Por outro lado, quando criamos arte, estamos mais próximos de Deus. Criamos
algo maior do que nós mesmos, algo intuitivo, algo que foge da razão, algo que
toca o outro, e como artista, me sinto feliz de poder ser instrumento. Não
temos algo a aprender com isso?
Onde nosso egoísmo está nos levando? Como “donos do mundo”,
por que não cuidamos da nossa casa? Dos nossos irmãos? Dos nossos animais?
“Imagine
no possessions
I wonder if you can
No need for greed or hunger
A Brotherhood of man”
Precisamos restabelecer nossa conexão com o divino. Abrir
os olhos e despertar desse sono profundo que não dá mais pra dormir, não dá
mais pra só sonhar com um mundo melhor, está na hora de agir.
Agir é a palavra. Liberar energia através de ações.
“Imagine there's no countries
It isn't hard to do
Nothing to kill or die for
And no
religion too”
A partir do momento que decidimos sair da nossa posição de
conforto, assim como estou me aventurando a escrever essa carta, nós temos a
possibilidade de mudança. Se eu continuasse decidida a estar jogada no sofá
assistindo a cerimônia de abertura pela Globo e rindo dos memes no twitter, eu
não teria a possibilidade de mudar nada. Mas algo estava gritando dentro de
mim, precisava fazer isso. E é isso que precisamos: sair do comodismo.
Te proponho a se mover, te proponho que nos movamos numa
mesma direção: avante.
No momento, sinto que esse evento (as Olimpíadas) tem uma grande
importância espiritual.
Nós, como humanidade, precisamos nos unir e agir.
Uma voz composta pelo povo brasileiro ecoou no estádio do
Maracanã à capella: “moro num país tropical, abençoado por Deus”; Guga ao
entregar a tocha olímpica para Hortência, abre um sorriso e diz “vá com Deus”;
a mensagem de que precisamos salvar o planeta é algo visto e clamado como uma
oração.
Estamos num país com muita energia. Estamos num lugar que
mistura todo tipo de gente, que recebe todo tipo de gente e que possui uma
hospitalidade sem igual. Me arrisco a dizer que o Brasil possui uma grande
espiritualidade. Suas variadas religiões e fés me fizeram perceber que quando
convivemos com tanta coisa diferente, nós somos forçados a tolerar. Tolerância
é uma forma de respeito.
Respeito é amor. Respeito é amar o próximo como a ti mesmo,
é deixar o outro ser o que é. É isso que está faltando no mundo.
Será que nós, país subdesenvolvido em plena crise política
temos efetivamente algo a ensinar para o mundo, já que todos os olhos pairam
sobre nós nesse momento? E com certeza, a resposta é sim.
Somos todos um.
Mas principalmente, nós, brasileiros, precisamos nos unir. Nós
precisamos de uma lição. Precisamos
talvez desse espírito nacionalista que as Olimpíadas nos traz para lutarmos por
um país melhor.
Merecemos um governo justo, livre de corrupções e
impunidade. Merecemos uma educação de qualidade pelas milhões de crianças que
possuem o nosso futuro nas mãos. Precisamos sair da ignorância, precisamos
acordar, precisamos de consciência.
Imagina se todo povo que torcesse pelo Brasil, torcesse pelo
Brasil? Torcer por um Brasil que merece sair dessa fossa, que merece um governo
justo, que torce pela Amazônia, que torce pela preservação das terras
indígenas, que torce pela proteção dos animais da nossa fauna, que torce pela
diminuição dos tantos poluentes que estamos liberando cada vez mais, que torce
pelo fim da desigualdade social, pelo fim do desperdício, pelo fim da fome, da violência...E se torcecemos pelo amor?
“Imagine
all the people
Living life in peace”
Eu espero que algo tenha despertado em você. Nós somos a geração
da mudança, da quebra dos padrões, da queda dos estereótipos, do combate ao
preconceito, a geração do humanitarismo, da solidariedade. Depende de nós. Sim.
Depende. E a partir do momento que saímos da ignorância e nos tornamos seres
conscientes, fica difícil o estagnamento, fica difícil viver do mesmo jeito,
algo te cobra o tempo todo porque agora você vê.
Sabe o que a gente precisa agora, principalmente no Brasil?
Precisamos parar de seguir tanto os outros (até metaforicamente dizendo fazendo
uma analogia às redes sociais) e precisamos do surgimento de novos líderes. Precisamos de
pessoas com ideias novas e com força de vontade para gerar a mudança, com coragem e principalmente, com energia pra fazer o bem. Essa
pessoa pode ser eu, você e todos nós.
Consciência é a palavra.
Respeito é a palavra.
Amor é a palavra."
“You
may say, I'm a dreamer
But I'm not the only one
I hope someday you'll join us
And the
world will live as one”
Evy B.
(Trechos retirados da música "Imagine" do John Lennon)